A influenciadora digital afirma que apesar das dificuldades de se realocar no mercado de trabalho ao atingir a maturidade, é possível conquistar espaço e continuar produtivo
Em menos de 40 anos, a população brasileira terá um maior percentual de pessoas consideradas idosas do que de jovens segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a mudança na configuração demográfica, além do aumento da expectativa de vida do brasileiro, o mercado de trabalho é uma das áreas que mais terá que se adaptar ao novo cenário.
Se há algumas décadas o normal era buscar pela aposentadoria, atualmente pessoas acima dos 50 anos mostram que querem se manter produtivas e exercer um papel social além da idade estabelecida. Um levantamento da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia conseguiu desenhar bem a mudança de comportamento — o índice de trabalhadores formais com mais de 65 anos cresceu 43% entre 2013 e 2017.
Apesar dos números, as pessoas mais velhas ainda esbarram em preconceitos sociais e costumam ser as mais prejudicadas em momentos de crise. Se manter no emprego é um desafio, mas mudar de carreira após anos de dedicação parece quase impossível, mas não é.
O processo de mudança de carreira da influenciadora Ceres Azevedo após os 50 anos foi difícil e doloroso, após a descoberta de uma doença autoimune e que lhe causava muitas dores ela precisou se reinventar e deixar a cozinha, onde trabalhava há 18 anos como dona de café e promotora de jantares e coquetéis.
“Não tinha mais condições de ficar na linha de frente, então tive que abdicar da minha profissão, o que foi muito desafiador, principalmente por eu estar na faixa dos 50 anos. Como os meus filhos trabalham no mercado virtual, vimos a área como uma alternativa e gradualmente eles foram me introduzindo. No início pensamos em montar um blog de gastronomia, mas acabei me encontrando na área de moda, beleza e autocuidado. Todo dia é um aprendizado”, comenta ela.
Segundo a influenciadora, além de um maior acolhimento das empresas com relação aos profissionais mais jovens, as pessoas acima dos 50 anos precisam mudar a postura para conseguir sobreviver no mercado, o que implica muitas vezes em ser realocado para outra área.
“O maior problema que vejo é que quando as pessoas envelhecem há uma grande dificuldade de se posicionar profissionalmente. Mesmo com o mundo mudando, é necessário se colocar diante do fator idade e das imitações que ele pode trazer, mas usar isso como uma maneira de se mostrar ainda mais ativa e produtiva, focando em possibilidades, no que é possível fazer”, argumenta.
A influenciadora chama atenção que esse público profissional, em especial as mulheres, tem muito medo de tentar algo por se achar maduro demais para isso. “É o receio de enfrentar um novo caminho e não conseguir ter sucesso em uma nova empreitada e penso que é isso que faz com que elas acabem se acomodando e ficando estagnadas”, diz Ceres Azevedo.
Para encarar esse processo com sabedoria e resiliência, é preciso reaprender a olhar o mundo com outros olhos. “Não é porque você possui mais de 50, 60, 70 anos que não há nada a aprender. Quando você chega nessa fase, com mais idade, é justamente quando seu olhar deve se voltar para novas possibilidades. Esse é um processo que requer autoconhecimento, olhar para si. Mais uma vez, isso também provoca medo, e muitas mulheres acabam se estagnado se fechando, desperdiçando oportunidades de buscar novas possibilidades”, analisa.
“Vejo que há espaço, mesmo que limitado, para atender profissionais nessa faixa etária. Não é fácil, mas também depende do posicionamento, de acreditar na própria capacidade e se colocar como uma pessoa aberta para novos projetos. É mais que possível se reinventar profissionalmente após os 50 anos e para provar isso não apenas para o mercado de trabalho como também para a sociedade, exemplos positivos precisam ser cada vez mais divulgados para inspirar”, diz a influenciadora.