Segurança, descontração e leveza. Não é muito comum encontrar todas essas características em um entrevistado. À vontade, mesmo diante da câmera, Rayssa esbanjou simpatia, maturidade e não titubeou em nenhuma resposta. O sonho olímpico norteou a abordagem, como não poderia deixar de ser.
Contagem regressiva para as Olimpíadas
Chegar na competição, que é ápice para a maioria dos atletas, é meta alcançada para a mais jovem representante do País. “Participar das Olimpíadas sempre foi um sonho […] Estar lá vai ser uma super emoção, vai ser muito especial pra mim”, conta Rayssa, que desde muito pequena tem o costume de acompanhar as disputas das outras modalidades, já que o skate fará sua estreia olímpica.
O momento é de reta final dos preparativos. Rayssa conta que a ansiedade já está batendo e que deve embarcar em menos de duas semanas para Los Angeles, onde vai ficar por cerca de 15 dias intensificando os treinos antes de embarcar para Tóquio.
A “Fadinha do Skate” é uma das três representantes na categoria feminina do street. Além dela, Pâmela Rosa (21) e Letícia Bufoni (28) competirão pelo pódio. Sobre a relação com as atletas, a menina destaca que as duas são inspiração e está muito feliz por estar perto delas. “As duas colocaram em mim o apelido de mascote da seleção. É [uma relação] muito engraçada e divertida ao mesmo tempo.” O skate chega a Tóquio em duas categorias: o street, que remete à rua, onde são colocados obstáculos, como bancos e corrimãos e o park, que é um estilo um pouco mais montado. É desenvolvido em uma pista desenhada, onde o atleta apresenta as melhores manobras.
Carreira vitoriosa
A força nordestina é presente na vida de Rayssa desde muito cedo e o currículo da garota nem parece com o de uma adolescente. Aos 11 anos, ela conquistou uma etapa do Mundial de Skate Street, em Los Angeles, pela primeira vez. E pensar que tudo começou como uma brincadeira, mas logo se tornou rumo. Ainda em 2015, ano em que o vídeo da fadinha explodiu nas redes sociais, ela, aos sete anos, ganhou uma competição em Blumenau, Santa Catarina. A partir daí viu que podia levar o esporte a sério.
Por conta da idade, a atleta precisa estar sempre acompanhada por algum familiar ou responsável. Em Tóquio não será diferente. A mãe, Lilian Leal, terá uma credencial especial, com acesso à Vila Olímpica, para estar ao lado da filha. Descontraída, Rayssa lembra a primeira competição internacional que foi acompanhada pela mãe, em Paris, 2019: ” Eu tava lá brincando, me divertindo e ela tava tremendo.” O nervosismo da dona Lilian, não passou para Rayssa, que ainda hoje tenta levar a rotina inusitada de adolescente da maneira mais leve possível. Em tempos de aulas remotas, a garota tem o dia cheio: estudos, treinos físicos e pista de skate. Tudo isso, ainda na cidade natal, Imperatriz.
Motivada, Rayssa esbanja confiança e promete tentar se superar em Tóquio para garantir o melhor resultado para o Brasil. A jovem destaca a importância de estar sempre se divertindo com o que faz e busca converter em motivação as críticas de quem diz que ela não tem idade para disputar os Jogos, “”eu vou tá lá me divertindo, dando o meu melhor, pra conseguir subir no pódio”.
Uma locomotiva importante vai fazer falta no Japão: a torcida brasileira. Por conta das restrições impostas devido à pandemia do coronavírus, as disputas olímpicas só contarão com até 10 mil torcedores locais, em cada arena. O limite estabelecido pelo Comitê Organizador dos Jogos não poderá exceder os 50% da capacidade de cada local de competição. Apesar disso, Rayssa espera contar com a torcida dos brasileiros à distancia. E continuar sendo inspiração para que muitos, assim como ela, continuem correndo atrás dos sonhos, independentemente dos obstáculos.